"O teatro é isso: a arte de nos vermos a nós mesmos, a arte de nos vermos vendo!"
(Augusto Boal)

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Planejamento Estratégico no Congresso Nacional de GT

Caríssimos,

Segue abaixo o resumo de um dos trabalhos que apresentarei no Congresso Nacional de Gestalt-Terapia, na semana que vem.
Na sequência, publicarei os outros dois resumos.

Até lá!




O PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO NA ABORDAGEM GESTÁLTICA: UMA PERSPECTIVA DE CAMPO 

BOCCARDI, Diogo; FIGUEIRÓ Janaína. 

Desde sua gênese no domínio da Filosofia, o significante Gestalt representa um todo espontâneo e indeterminado, que se forma a cada vivência no aqui-agora das relações (Müller-Granzotto e Müller-Granzotto, 2007). Isto significa, como perceberam Perls e Goodman a partir da releitura clínica dos trabalhos de Kurt Goldstein, que a emergência do indeterminado é ocasião para análise e intervenção no sistema de contatos, chamado sistema self (Goodman, Hefferline e Perls, 1997). Reconhecida quase exclusivamente por sua prática terapêutica, a abordagem gestáltica caracteriza-se como uma abertura àquilo que de estranho, de espontâneo, acontece ao campo. Ao mesmo tempo, nas empresas não há lugar para o espontâneo e indeterminado, haja vista que a padronização e o controle dos processos são perseguidos como valores indispensáveis. Neste sentido, como a abordagem gestáltica realiza intervenções em contextos organizacionais? Queremos discutir justamente a possibilidade de realizar procedimentos organizacionais, como o Planejamento Estratégico, sob uma perspectiva de campo, que dê conta dos desvios e da criatividade de cada instituição. O Planejamento Estratégico é uma ferramenta que possibilita perceber e construir caminhos futuros para a instituição, definição que encontra ressonância na noção gestáltica de contato. Segundo Goodman, Hefferline e Perls (1997, p. 48), “contato é achar e fazer a solução vindoura”. Não concordamos, no entanto, com o entendimento de que o Planejamento Estratégico seja uma maneira de racionalizar a tomada de decisão, como se esta fosse algo racional, e não movido pela emergência de um afeto ou de uma situação inacabada. O trabalho do gestalt-terapeuta na empresa é justamente viabilizar a emergência dos afetos, que darão orientação aos atos das pessoas. Não se trata de garantir o futuro da empresa, como almejam administradores e alguns psicólogos organizacionais. Afinal, o futuro é incerto e imprevisível. Mas é possível ampliar os horizontes de passado (ligado aos valores e à história da empresa) e de futuro (relacionado à missão e à visão da empresa), em favor de um incremento na produtividade e na qualidade de vida no trabalho. Nossa prática indica que a análise da forma possibilita que as empresas escolham quando repetir sua forma ou quando inovar – sempre partindo daquilo que já apresentam como forma, de suas características. Cabe fornecer dados quando a empresa não possui informações claras sobre seu funcionamento ou a realidade do mercado, mas também de operar no sentido da responsabilização das pessoas e dos grupos, por suas ações e escolhas cotidianas, ampliando o fluxo de awareness.

Bibliografia
CHIAVENATO, I. Planejamento Estratégico: Fundamentos e Aplicações. Rio de Janeiro: Campus, 2003.
GOODMAN, P.; HEFFERLINE, R.; PERLS, F. Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus, 1997.
MÜLLER-GRANZOTTO, M.J.; MÜLLER-GRANZOTTO, R. L. Fenomenologia e Gestalt-Terapia. São Paulo: Summus, 2007.

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