A Universidade Federal de Santa Catarina, em plena greve dos servidores técnico-administrativos, vê cenas lamentáveis. Abaixo, manifesto publicado pelo Centro Acadêmico Livre de Economia e pelo DCE.
Manifesto Nacional contra o corte de vagas na UFSC
O Brasil é ainda um dos países da América Latina com menor porcentagem de jovens no ensino superior: apenas 11% da população entre 25 e 34 anos conclui a universidade. Boa parte destes em instituições preponderantes na oferta das vagas universitárias. Diante disto, a expansão de qualidade do ensino superior é tarefa urgente à construção de um projeto de país autônomo e democrático.
Na contramão desta demanda histórica dos movimentos populares brasileiros, tramita em regime de urgência o projeto de redução de vagas no curso de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina. A medida, oriunda do Núcleo Docente Estruturante daquele curso, prevê o corte de 50% da vagas presenciais da graduação, alegando que o tamanho do curso prejudica sua qualidade. Além de incoerente diante da realidade brasileira, a proposta passa por alto os principais problemas causadores da evasão e das dificuldades de aproveitamento dos estudantes ao longo de sua passagem pela universidade, tais como: falta de professores; a bibliografia básica escassa; insuficiência de disciplinas optativas e obrigatórias (neste semestre, 300 pedidos de matrículas obrigatórias ficaram sem vagas na Economia!); ausência de condições de permanência (RU, Moradia Estudantil, etc.). Em vez de empreender um esforço de reivindicações por plenas condições de trabalho, ensino e permanência, culpam os alunos que má qualidade do ensino! A medida, se aprovada, abre um perigoso precedente para sua aplicação em outros cursos da UFSC e do país que compartilham dos mesmos problemas, sob o pretexto da elevação da qualidade de ensino. Tal proposta já começa a ser discutida em cursos como Serviços Social, Geologia, Pedagogia, dentre outros.
Acreditamos que a melhoria na qualidade do ensino não se alcança mediante a redução da oferta de vagas. Os limites da insuficiente política deampliação do ensino superior não podem ser superados com medidas anti-populares como a que tramita na UFSC, que agravam ainda mais as dificuldades de entrada da juventude nas universidades, obstaculizada atualmente pelo anacrônico filtro sócio-econômico do vestibular. Somente com plenas condições de ensino e permanência, além de cursos vinculados aos reais problemas da sociedade brasileira, poderemos elevar a qualidade das universidades públicas.
Desta forma, nós, entidades estudantis, partidos, parlamentares, sindicatos e movimentos sociais abaixo-assinados, solicitamos o imediato posicionamento da Administração Central da UFSC e do Ministério da Educação contra o corte de vagas no curso de Economia, manifestando, ao mesmo tempo, o repúdio a qualquer tentativa de corte de vagas no ensino superior público.
Contra o corte de vagas no ensino superior público!
Pela contratação urgente de professores e servidores técnico-administrativos efetivos!
Por plenas condições de ensino e permanência!
Assinam:
Deputada Federal Luci Choainacki – PT
Deputado Federal Pedro Uczai – PT
Deputada Estadual Ângela Albino – PcdoB
Deputado Estadual Amauri Soares – PDT
União Catarinense de Estudantes – UCE
Sindicato dos Bancários – SEEB
Assembléia Nacional dos Estudantes Livre – ANEL
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados – PSTU
Partido dos Trabalhadores – PT/Santa Catarina
MORENA – Brigadas Populares
Coletivo 21 de junho
Diretório Central dos Estudantes Luís Travassos – DCE/UFSC
Centro Acadêmico Livre de Economia – CALE/UFSC
Centro Acadêmico Livre de Psicologia – CALPSI/UFSC
Centro Acadêmico 11 de fevereiro – CAXIF/UFSC