"O teatro é isso: a arte de nos vermos a nós mesmos, a arte de nos vermos vendo!"
(Augusto Boal)

quarta-feira, 27 de abril de 2011

GT nas organizações

Caríssimos,
Segue a mensagem-convite para a atividade gratuita "Olhando gestalticamente para as organizações: afinal, o que pode o psicólogo?", que faz parte do Projeto Gestalt em Ato, no Instituto Müller-Granzotto.
O Cléber, que ministrará a atividade, é uma pessoa muito sensível e interessante. Vale a pena conferir!


Olá!
O Instituto Müller-Granzotto convida você para o próximo Gestalt em Ato: Olhando gestalticamente para as organizações: afinal, o que pode o psicólogo?
Esta atividade tem como objetivo ser um espaço de discussão e vivência ligadas a temas atuais pertinentes à prática clínica. - Entrada gratuita.
Este trabalho será realiazado dia 4 de maio de 2011, quarta-feira, às 19hs.
No blog do projeto você vai encontrar mais informações sobre o trabalho que será apresentado.

Blog do projeto:

Inscrições pelo fone: (48) 3322-2122 ou instituto@mullergranzotto.com.br

Confira também as publicações do Jornal virtual de Gestalt-terapia: em cont@to

Para acompanhar a programação do Cineclube Müller-granzotto, acesse:

terça-feira, 26 de abril de 2011

A palavra do terapeuta


Gustav Klimt


O clínico está sempre atrás da palavra. Velado pela palavra, a persegue. A palavra-ato do terapeuta tem a função de abrir novas trilhas no campo, provocar desvios, rasgar a carne. Com Manuel de Barros, o clínico pode afirmar que "os delírios verbais me terapeutam".
A essa exeriência, da palavra à frente, da palavra como "escondidos traços", Lindolf Bell atribui a emergência de algo "arcaico, pungente". Experiência clínica, diríamos...

Fiquemos com seu poema:


PROCURO A PALAVRA PALAVRA

Não é a palavra fácil
Que procuro.
Nem a difícil sentença,
Aquela da morte,
A da fértil e definitiva solitude.
A que antecede este caminho sempre de repente.
Onde me esgueiro, me soletro,
Em fantasias de pássaros, homem, de serpente.

Procuro a palavra fóssil.
A palavra antes da palavra.

Procuro a palavra palavra.
Esta que me antecede
E se antecede na aurora
E na origem do homem.

Procuro desenhos
Dentro da palavra.
Sonoros desenhos, tácteis,
Cheiros, desencantos e sombras.
Esquecidos traços. Laços.
Escritos, encantos reescritos.
Na área dos atritos.
Dos detritos.
Em ritos ardidos da carne
E ritmo do verbo.
Em becos metafísicos sem saída.

Sinais, vendavais, silêncios.
Na palavra enigmam restos, rastos de animais,
Minerais da insensatez.
Distâncias, circunstâncias, soluços,
Desterro.

Palavra são seda, aço.
Cinza onde faço poemas, me refaço.

Uso o raciocínio.
Procuro na razão.

Mas o que se revela arcaico, pungente,
Eterno e para sempre vivo,
Vem do buril do coração.

(Lindolf Bell)

domingo, 24 de abril de 2011

Teatro para Terapeutas

Caríssimos, segue o resumo do trabalho que apresentarei no I Congresso Catarinense Psicologia: Ciência e Profissão, na forma de uma breve comunicação oral.
Este ano, abriremos  novas turmas do curso de Teatro para Terapeutas.



Teatro para Terapeutas: experiência clínica e arte em Gestalt-Terapia

Compreendendo o corpo em sua dimensão temporal, histórica, a Gestalt-Terapia constitui-se como uma abordagem privilegiada de análise da experiência (Goodman, Hefferline e Perls, 1997/1951). Precisamente, propõe observar o modo como, a cada vivência no aqui-agora, um horizonte de possibilidades de futuro e um fundo de passado se atualizam, isto é, se tornam ato.

Neste trabalho, queremos abordar as oficinas de Teatro para Terapeutas, ministradas há três anos pelo autor, que têm por objetivo proporcionar uma experiência teatral àqueles que querem ser mais do que espectadores. Trata-se de um trabalho de alfabetização teatral, em grupos pequenos, voltado para profissionais que procuram possibilidades de ampliação do seu universo relacional e expressivo, na vida pessoal e profissional. A metodologia utilizada compreendia os Jogos Teatrais de Viola Spolin (1992), bem como técnicas de Teatro do Oprimido (Boal, 1980). Além de exercícios teatrais voltados para leigos, a oficina concilia as experiências de criação ao olhar sobre as formas de contato com o mundo.

A análise gestáltica da experiência teatral aponta para três dimensões, ou três pontos de vista, a saber, o ponto de vista do corpo habitual (Função Id), o ponto de vista da criação cênica (Função de Ato) e o ponto de vista do desempenho dos papéis e réplica verbal da experiência (Função Personalidade). A articulação entre a prática teatral e a leitura gestáltica da expressão permitiram o desenvolvimento de uma metodologia de intervenção eminentemente clínica. Percebeu-se, através das oficinas, a ampliação do repertório expressivo dos terapeutas, bem como um refinamento na sensibilidade e na capacidade perceptiva – elementos julgados essenciais para a prática profissional.
SPOLIN, V. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 1992.

GOODMAN, P., HEFFERLINE, R., PERLS, F. Gestalt-terapia. São Paulo: Summus, 1997/1951.
BOAL, A. Teatro do Oprimido e outras poéticas políticas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.

Livres e Iguais

Caríssimos,
Divulgo o espetáculo de teatro de animação "Livres e Iguais" do grupo Teatro Sim... Por que não?!!!
É muito bonito, e fico muito feliz que esteja em cartaz novamente.

Um abraço!


terça-feira, 19 de abril de 2011

NUCCA - Oficina de Animação

Caríssimos,

Durante essa semana o NUCCA - Núcleo Cênico do Colégio Catarinense realizou uma oficina de Teatro de Animação, especialmente voltada para o projeto deste semestre, cuja linguagem será o teatro de bonecos.
A oficina foi ministrada pela Cia. Cênica Espiral que, a partir dos princípios de manipulação desenvolvidos pelo argentino Sérgio Mercúrio, ampliou a capacidade técnica e a sensibilidade dos nossos alunos.

Aos queridos Juliano, Jaqueline e, espcialmente Elisza (que retorna ao NUCCA), deixamos nosso carinho e nosso agradecimento.

Abaixo, algumas fotos da semana!



terça-feira, 12 de abril de 2011

Psicótico? Psicopata?

Caríssimos,

Como já li e assisti tanta bobagem sobre o rapaz em Realengo, e sendo um assunto tão sério, resolvi recomendar o pequeno texto abaixo, excerto da nota que o GIPSI, da UnB, publicou.
Nós, do Instituto Müller-Granzotto, temos pesquisado e trabalhado no sentido de elaborar formas de análise e intervenção em crises psicológicas, e é muito frustrante acompanhar os sensacionalismo irresponsável de vários supostos "especialistas" na televisão.

Leia o texto:

As dores envolvidas são muitas, em especial nas perdas de pais, crianças e adolescentes de forma tão trágica e inesperada, e sem desconsiderá-las (pelo contrário, nos solidarizando com elas), gostaríamos de enfatizar, como nos cabe como especialistas da área, o sofrimento que o rapaz (um ser humano, produto legítimo nosso, no sentido de ter sido construído em nossas relações humanas e sociais de nosso meio, de nossa cultura) vivenciou em seu também curto período de existência. “Filho adotivo”, “mãe esquizofrênica”, “adolescente rejeitado” (eventuais bullyings no formato das gozações, das rejeições de modo de ser diferente, taxado de “gay”, rejeitado e ridicularizado por meninas e meninos etc), “esquizotípico”, ensimesmado, solitário, religioso evangélico, sexualmente virgem e sem rede de amigos e apoio afetivo-social: estes qualificativos - e não diagnósticos - são apenas indicadores de um sofrimento. Psicótico? Não necessariamente... O máximo que podemos afirmar neste momento, cremos, é que estava construindo seu mundo próprio, com os sofrimentos inerentes (pessoais, sexuais, familiares, sociais) e para tanto seu sofrimento estava sendo estruturado de forma grave... Não sabemos, em especial a posteriori, se do tipo psicótico.

Quantos de nós, “outros” (“normais”, “engajados”, “estudiosos”, “sãos” etc), não estamos assim fazendo? Quantos de nós, em nossa sociedade, assim não está, desamparado, à mercê de sua própria sorte ou da sorte construída socialmente? Vários, diversos... Assim, rejeitamos formalmente os diagnósticos fáceis de esquizofrenia e psicopatia, em especial a irresponsabilidade de ditos especialistas que, com veemência, contribuem para o obscurecimento da complexidade envolvida e lançam na sociedade preconceitos e visões ultrapassadas e estereotipadas de um sofrimento essencialmente humano... Este rapaz não foi construído por uma doença, mas por uma existência de sofrimentos que a estavam estruturando...

Texto completo aqui. Recomendo!!

E para quem quiser se aprofundar na metodologia gestáltica de intervenção, aproveito para divulgar o curso de Formação Básica em Gestalt-Terapia, e de Especialização em Psicologia Clínica - GT. O calendário de cursos está em nosso site.
Neste fim de semana, dia 17, começaremos duas novas turmas de Formação Básica, em Florianópolis e em Lages. Ainda é possível fazer inscrições.

Grande abraço!

Goya - da série Pinturas Negras

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Luta antimanicomial

Caríssimos
Divulgo a carta de repúdio emitida pelo Conselho Regional de Psicologia de São Paulo, disponível em seu site:


LUTA ANTIMANICOMIAL

Conselho Regional de Psicologia SP repudia encaminhamentos do Congresso de Psiquiatria Forense
O Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP SP está divulgando uma nota de repúdio contra encaminhamentos dados durante o I Congresso Internacional de Direito e Psiquiatria Forense da Faculdade de Medicina da USP, realizado de 24 a 26 de fevereiro último. Foram basicamente cinco pontos de discordância: ataques à política de Saúde Mental adotada pelo SUS, com ênfase na Luta Antimanicomial; desconsideração das diretrizes aprovadas na IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial, realizada em 2010; a defesa da eletroconvulsoterapia como recurso de tratamento do SUS; a reafirmação de que o médico psiquiatra é o único profissional capaz de tratar pessoas com transtorno mental; e a defesa do conceito de periculosidade em avaliações psiquiatricas. Confira o documento:
  

NOTA DE REPÚDIO

Considerando a importância da interface do Direito e Saúde Mental, o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo - CRP SP julgou relevante a participação no I Congresso Internacional de Direito e Psiquiatria Forense da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, buscando o diálogo com essas duas disciplinas envolvidas nessa temática.

Apesar de nossos esforços na tentativa de realizar um debate diverso e apresentar contrapontos às posições explicitadas pelos palestrantes e organizadores do evento, estes se mostraram refratários à possibilidade de debate democrático, posto que a coordenação das mesas no momento previsto para os debates direcionou a atividade inviabilizando falas dissonantes às dos palestrantes.
Reiteramos que o CRP SP se posiciona pela defesa do Sistema Único de Saúde e de seu Controle Social e pela implementação plena e definitiva da Lei de Reforma Psiquiátrica, da Luta Antimanicomial e da Atenção Psicossocial. Dessa maneira, construindo saúde com os usuários, familiares, trabalhadores, gestores e academia, priorizando, a integralidade das ações e a pluralidade dos atores. Por estes referenciamentos históricos, o CRP SP repudia as propostas e os posicionamentos políticos ideológicos explicitados por palestrantes e organizadores do referido evento, a saber:

1. Ataques à lei de 10.216/2001 e às políticas públicas especificas da área técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde, reafirmando que seu conteúdo seria meramente ideológico, destacando negativa e jocosamente, as ações fundamentais de desconstrução dos manicômios.

2. Desconsideração total do processo democrático e do controle social em sua manifestação máxima - IV Conferência Nacional de Saúde Mental Intersetorial - desprezando as diretrizes de seu relatório final, este aprovado por centenas de delegados representantes de todos os estados da federação e pelo Conselho Nacional de Saúde, questionando sua validade, desdenhando de sua aplicação prática e da representatividade dos delegados eleitos para tal conferência.

3. Reafirmação de que o único profissional capaz, competente e responsável pelo "tratamento" de "doentes mentais" seria o médico psiquiatra, explicitando a irrestrita defesa do Ato Médico.

4. A defesa da implementação da eletroconvulsoterapia como recurso de tratamento do SUS.

5. A defesa do conceito de periculosidade, reiterando a importância deste para as avaliações psiquiátricas, trazendo teóricos da criminologia já superados, tais como Cesare Lombroso e a Teoria do Criminoso Nato, reafirmando a instituição da prisão perpétua, reintrodução do duplo binário e valorização de soluções indignas como instituições na linha da Unidade Experimental de Saúde.

Em um momento histórico mundial expressivo de reafirmação da democracia e dos valores de Direitos Humanos tanto civis como políticos, mais especialmente os econômicos, sociais e culturais, é que destacamos a urgência da retomada dos princípios fundantes da luta antimanicomial, de sua insígnia de cidadania pautados nos princípios do SUS e que devem ser reafirmados incansavelmente: a integralidade, a universalidade e a equidade.

Conselho Regional de Psicologia de São Paulo

terça-feira, 5 de abril de 2011

Argumentação

Caríssimos,
Em preparação para os tantos congressos e encontros que vêm por aí, é importante oxigenar nossa motivação e nossa capacidade argumentativa!

Por isso, recomendo o impecável Monty Python!



Grande abraço!