"O teatro é isso: a arte de nos vermos a nós mesmos, a arte de nos vermos vendo!"
(Augusto Boal)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Psicótico? Psicopata?

Caríssimos,

Como já li e assisti tanta bobagem sobre o rapaz em Realengo, e sendo um assunto tão sério, resolvi recomendar o pequeno texto abaixo, excerto da nota que o GIPSI, da UnB, publicou.
Nós, do Instituto Müller-Granzotto, temos pesquisado e trabalhado no sentido de elaborar formas de análise e intervenção em crises psicológicas, e é muito frustrante acompanhar os sensacionalismo irresponsável de vários supostos "especialistas" na televisão.

Leia o texto:

As dores envolvidas são muitas, em especial nas perdas de pais, crianças e adolescentes de forma tão trágica e inesperada, e sem desconsiderá-las (pelo contrário, nos solidarizando com elas), gostaríamos de enfatizar, como nos cabe como especialistas da área, o sofrimento que o rapaz (um ser humano, produto legítimo nosso, no sentido de ter sido construído em nossas relações humanas e sociais de nosso meio, de nossa cultura) vivenciou em seu também curto período de existência. “Filho adotivo”, “mãe esquizofrênica”, “adolescente rejeitado” (eventuais bullyings no formato das gozações, das rejeições de modo de ser diferente, taxado de “gay”, rejeitado e ridicularizado por meninas e meninos etc), “esquizotípico”, ensimesmado, solitário, religioso evangélico, sexualmente virgem e sem rede de amigos e apoio afetivo-social: estes qualificativos - e não diagnósticos - são apenas indicadores de um sofrimento. Psicótico? Não necessariamente... O máximo que podemos afirmar neste momento, cremos, é que estava construindo seu mundo próprio, com os sofrimentos inerentes (pessoais, sexuais, familiares, sociais) e para tanto seu sofrimento estava sendo estruturado de forma grave... Não sabemos, em especial a posteriori, se do tipo psicótico.

Quantos de nós, “outros” (“normais”, “engajados”, “estudiosos”, “sãos” etc), não estamos assim fazendo? Quantos de nós, em nossa sociedade, assim não está, desamparado, à mercê de sua própria sorte ou da sorte construída socialmente? Vários, diversos... Assim, rejeitamos formalmente os diagnósticos fáceis de esquizofrenia e psicopatia, em especial a irresponsabilidade de ditos especialistas que, com veemência, contribuem para o obscurecimento da complexidade envolvida e lançam na sociedade preconceitos e visões ultrapassadas e estereotipadas de um sofrimento essencialmente humano... Este rapaz não foi construído por uma doença, mas por uma existência de sofrimentos que a estavam estruturando...

Texto completo aqui. Recomendo!!

E para quem quiser se aprofundar na metodologia gestáltica de intervenção, aproveito para divulgar o curso de Formação Básica em Gestalt-Terapia, e de Especialização em Psicologia Clínica - GT. O calendário de cursos está em nosso site.
Neste fim de semana, dia 17, começaremos duas novas turmas de Formação Básica, em Florianópolis e em Lages. Ainda é possível fazer inscrições.

Grande abraço!

Goya - da série Pinturas Negras

Um comentário:

Ana Carolina Seara - Psicoterapeuta disse...

Diogo, obrigada por compartilhar essas informaçôes! (Fiquei procurando aqui a "opçâo" curtir ou "compartilhar", como n encontrei, resolvi comentar) ;)
Divulgue pelo facebook, esse tipo de material merece divulgação!