"O teatro é isso: a arte de nos vermos a nós mesmos, a arte de nos vermos vendo!"
(Augusto Boal)

domingo, 30 de setembro de 2012

O homem ajuda o homem?



Esta semana assisti ao espetáculo Baden Baden, dirigido por Vicente Concilio. Uma beleza! Fui atravessado por diversas vozes e biografias, que não eram minhas mas assim pareciam.

Em cena, apenas mulheres, e nenhuma reflexão de gênero. Que bálsamo! Numa estética em que o particular é genérico, indeterminado, há muito espaço para que o espectador complete o vazio de sentidos. Há um universo.
Na saída, ouvi comentários pretensamente analíticos, como: "conseguiram fugir dos clichês do Brecht, né?", ou "ficou divertido, com um tom irônico". Até tentei, eu mesmo, analisar: "tem um ritmo muito bom, ainda que caia um pouco na parte final...".

Mas, prestando atenção no que sentia e respirando fundo, me dei conta de que esses comentários tinham mais a função de solapar a angústia, dar tempo para respirar, do que propriamente produzir um saber sobre o espetáculo. Diante da vida, da falta de sentido, não é o enquadramento técnico ou o discurso panfletário que arrastam. É a violência. E Baden Baden foi, em mim, violento.
Fui contemplado pelos mortos.

Depois de dormir (pouco e mal), fiquei cantarolando Chico. 
Mais uma tentativa de preencher a angústia?

Vai minha homenagem aos mortos:


"Vence na vida quem diz sim" - Chico Buarque e Ruy Guerra, para o espetáculo teatral Calabar ou o elogio da traição.


E minha homenagem às atrizes:


"Ana de Amsterdam" - Chico Buarque e Ruy Guerra, para o espetáculo teatral Calabar ou o elogio da traição.

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