"O teatro é isso: a arte de nos vermos a nós mesmos, a arte de nos vermos vendo!"
(Augusto Boal)

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Emprestar o corpo



Na clínica, e especialmente na Gestalt-terapia, a expressão "emprestar o corpo" tem diversos significados que ajudam a orientar a atuação do profissional.
No atendimento a ajustamentos evitativos, chamados de neuróticos, "emprestar o corpo" é partir das próprias percepções para fazer intervenções. Não atuo em função de um saber prévio (adquirido em livros ou em cursos de psicologia, por exemplo), ou de um modelo a ser seguido ou alcançado, mas daquilo que o outro provoca em mim.
Na clínica dos ajustamentos de busca, chamados de psicóticos, "emprestar o corpo" é permitir que, na realidade, sejam compartilhados modos de vida que em outros espaços não têm lugar, não têm direito de cidadania. Com meu corpo posso ser co-participante de uma fixação alucinatória ou delirante, sem produzir demandas por afeto - ou seja, posso dar suporte e continente àquilo que é produzido pelos outros corpos, mesmo que não façam sentido para mim.
Em situações de exclusão (sejam vivências de luto, de injustiça, de abandono), meu corpo, emprestado ao outro, constitui um dado concreto capaz de servir de porto seguro quando tudo o mais desapareceu. Um abraço, um ouvido, um colo, uma mão, tornam-se a ocasião para que o sujeito, aflito, possa recuperar a capacidade de localizar-se no tempo e no espaço, e voltar a desejar e criar sua própria existência material.

Mas na arte tudo isso ganha dimensões inimagináveis. À arte, o corpo do artista não está apenas "emprestado", mas entregue. Enquanto produzo a obra, espontaneamente acontece uma espécie de reversão: sou surpreendido por algo que eu mesmo fiz. Minha criação me atravessa, me modifica, me cria. Praticamente "me ensina sobre mim".




A história da arte é repleta de manifestações curiosas sobre o uso do corpo. A body art já foi vanguarda, e hoje é quase "lugar comum", entre as tantas mídias que surgem como opções para a expressividade.

Mas continuamos encantados com certas ideias, muito simples, mas nas quais podemos nos olhar, nos identificar, nos estranhar. As fotos deste post são do fotógrafo Allan Teger, que usa corpos nus e miniaturas para criar as "paisagens" de suas imagens. Para ver mais, visite o site do artista!




quarta-feira, 29 de agosto de 2012

GT e a clínica da neurose

Caríssimos,
Aproveito para recomendar o texto de um amigo, Marcus Cézar, gestalt-terapeuta do Ceará, que foi originalmente publicado em seu blog Ajustamento Criativo.

Bem bacana!

Clique abaixo para ler o texto:

domingo, 19 de agosto de 2012

4° GT Catarina

Caríssimos,
Neste ano, a equipe do Instituto Müller-Granzotto prepara o 4° GT Catarina de forma muito especial. Após consolidar a identidade da Gestalt-terapia nas três edições anteriores do congresso, este ano o encontro discutirá a dimensão política da clínica gestáltica. Por isso, será realizado, durante a programação do GT, o primeiro Colóquio Paul Goodman, que inclui a exibição inédita do documentário "Paul Goodman changed my life", com a presença do diretor Jonathan Lee.
Imperdível!



segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Um acalanto

Um acalanto para o início da semana!

Música composta por Chico Buarque, para a montagem de "Os inimigos" de Máximo Górki, dirigida por José Celso Martinez Correa:


segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Cubismo da vida real

"Violino num café" - Pablo Picasso


Caríssimos,
Muito fiquei a pensar depois de ler esta matéria...
Mais do que compartilhar tudo o que pensei, deixo aqui a indicação para que cada um pense o que se fizer pensamento!




O esquadro disfarça o eclipse
que os homens não querem ver.
Não há música aparentemente
nos violinos fechados.
Apenas os recortes dos jornais diários
acenam para mim como o juízo final.

João Cabral de Melo Neto